Uma criança de 3 anos engoliu uma pilha de lítio, em forma de moeda ou botão, que supostamente já estava “descarregada”, quando os pais estavam a trocá-la por uma nova. Quando a pilha desapareceu o pai desconfiou que a criança pudesse tê-la engolido e levou-a imediatamente ao hospital. Apesar da intervenção rápida fez uma queimadura grave no esófago onde ficara presa.
As pilhas do tipo botão são achatadas, redondas e geralmente prateadas, e existem em muitos tamanhos e tipos diferentes (composição e voltagem). Em casa, podem estar “escondidas” dentro de muitos produtos que utilizamos no nosso dia a dia e em locais de fácil acesso às crianças:
- em auriculares para utilizar em jogos, em balanças digitais, na chave do carro, em comandos de portões ou portas de garagem, em controlos remotos de aparelhos audiovisuais ou outros, em brinquedos eletrónicos, etc.;
- em gavetas (pilhas sobresselentes), em frascos ou sacos, pilhas supostamente descarregadas, para serem despejadas nos contentores para reciclagem, ou até mesmo caídas no chão, debaixo de um móvel, atrás das almofadas de um sofá;
- em cima de uma mesa, à vista e alcance das crianças, porque os pais desconhecem ou não valorizam o risco associado.
Também os AirTags devem ser alvo de alguma atenção — não pelo dispositivo em si que, apesar do tamanho reduzido, cumpre as normas de segurança, mas pelo facto de conter uma bateria que (caso a criança consiga aceder-lhe) encerra os riscos já mencionados.
A norma de segurança dos brinquedos exige que as pilhas estejam em compartimentos fechados e que só possam abrir-se com uma chave de parafusos. Contudo, muitos produtos como cartões musicais, velas sem chama (geralmente designadas como velas LED), controlos remotos e dispositivos eletrónicos não têm compartimentos com chave.
As mais perigosas são as pilhas de lítio pois, se uma destas pilhas ficar presa no tubo digestivo, a sua energia reage com a saliva dando origem a soda cáustica que, como sabemos, é um produto altamente corrosivo. Pode queimar qualquer zona do aparelho digestivo (esófago, estômago) ou mesmo artérias principais, causando hemorragias internas que podem levar à morte da criança.
Podem também deixar lesões irreversíveis, como por exemplo alterações nas cordas vocais que impedirão a criança de falar normalmente e no esófago, impedindo uma alimentação normal. Se forem introduzidas no nariz podem fazer buracos e nos ouvidos começa a escorrer líquido, podendo levar a perda de audição e paralisia facial.
A reação química é geralmente rápida (cerca de 2 horas), mas em certos casos pode demorar dias ou mesmo semanas sem que os pais se apercebam de nada. É importante ter em conta o tipo de pilha – o seu tamanho e potência – mas também o tamanho da criança.
É entre os 12 meses e os 4 anos que as crianças correm maior risco, contudo estes acidentes também podem acontecer com os bebés mais pequenos, que só rastejam ou gatinham, porque metem tudo na boca — a sua forma de explorar o que os rodeia. Contudo, também as crianças mais velhas podem colocar uma pilha propositadamente na boca, ou sobre a língua, para experimentar a sensação de uma descarga elétrica.
Quando é necessário trocar uma pilha sem carga, na realidade ela já não tem força suficiente para pôr um aparelho a funcionar, mas contém um nível de produto tóxico suficiente para causar lesões. Uma pilha totalmente carregada causará lesões ainda mais graves.
Os sintomas podem ser bastante vagos e semelhantes a doenças comuns, como dores de barriga, vómitos, tosse, a criança pode babar-se muito, estar mais calma e apenas “diferente” do habitual, ter falta de apetite, não querer ou não conseguir comer alimentos sólidos… não evidenciando imediatamente uma situação clínica grave, o que pode atrasar o diagnóstico. A criança pode apenas apontar para a garganta ou a barriga para chamar a atenção aos pais. Mas pode haver vómitos de sangue vivo!
Em caso de suspeita:
- Não fique à espera que surja algum sintoma;
- Leve imediatamente a criança a um serviço de urgência hospitalar ou ligue 112;
- Não deixe a criança comer nem beber;
- Alerte o médico para a possibilidade de a criança ter engolido uma pilha de botão;
- Leve o produto que tinha a pilha ou a embalagem das pilhas que tem em casa, pois ajudará a identificar o tipo de pilha e o tratamento mais indicado.
Divulgue este artigo e os alertas da APSI. Siga-nos nas redes sociais para se manter a par do que partilhamos.