segunda-feira, 6 de maio de 2013

Semana Mundial da Segurança Rodoviária - Segurança Pedonal - Comunicado de Imprensa


APSI © Ilustração de Ana Tiago
Imagem retirada do folheto Andar a Pé – Conselhos para Caminhar em Segurança, APSI 2012


Estas são conclusões que resultam da análise dos Acidentes Rodoviários com Crianças e Jovens (0-17 anos) – Principais Resultados entre 1998 e 2011 (documento enviado em anexo), feita pela APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil em novembro de 2012, e divulgada na conferência Segurança Rodoviária Infantil – o que mudou em Portugal?, realizada no âmbito dos 20 anos da associação. Esta análise foi feita pela APSI, a partir de dados disponibilizados pela DGV (até 2006) e ANSR (2007-2011).

Por que é tão fácil atropelar uma criança?

Por não serem adultos em ponto pequeno, as crianças e os adolescentes são especialmente vulneráveis quando andam a pé. Tal deve-se às suas características - físicas, cognitivas, percetivas, comportamentais e emocionais - que são tão específicas e distintas das dos adultos.
- As crianças são mais baixas, o que reduz a sua capacidade de ver o espaço e o movimento dos diferentes utilizadores e impede, muitas vezes, que sejam vistas pelos condutores. Um carro parado em cima de uma passadeira, um autocarro em 2ª fila, um muppie, marco de correio ou árvore mal localizados podem esconder uma criança e torná-la «invisível» para quem se desloca de carro ou mota.
- As crianças andam mais devagar e demoram mais tempo a fazer determinados percursos, como por exemplo, a atravessar a rua. E de um momento para o outro, e sem ninguém esperar, largam a mão e voltam para trás ou correm para o meio da estrada (comportamento natural e previsível).
- As crianças distraem-se com facilidade e tem dificuldade em manter a sua atenção focada em determinado aspeto, mesmo durante curtos períodos de tempo.
- As crianças muito facilmente esquecem-se que estão perto da estrada e que existe risco de acidente, sobretudo se estiverem a brincar ou a conversar com os amigos (mesmo conhecendo as regras!).
Os conhecimentos, as capacidades e experiência das crianças e adolescentes não são os mesmos que os dos adultos, assim como, a sua capacidade de avaliar o risco. Por esta razão não conseguem reagir da mesma forma a situações tão complexas como as geradas pelo trânsito automóvel: múltiplos utilizadores, com velocidades diferentes, que se deslocam em sentidos diferentes, os sons, os sinais, os obstáculos no passeio. São inúmeros os estímulos e informações que a criança tem que «tratar e interpretar», o que se revela uma tarefa muito complicada, sobretudo para as mais novas.

 

As crianças exigem:

·         a redução da velocidade dos veículos nas zonas onde vivem e perto dos estabelecimentos de ensino
·         zonas sem carros
·         passeios largos e desimpedidos, sem carros estacionados
·         passadeiras bem sinalizadas
·         transportes públicos que sirvam as suas necessidades
·         percursos pedonais com espaços para brincar com os amigos e zonas para descansar e conversar

·         um ambiente rodoviário onde se possam movimentar autonomamente e sem restrições


Medidas necessárias
Portugal tem que assumir um compromisso mais sério com a resolução do problema dos atropelamentos com crianças e adolescentes.
Quem o refere é a European Child Safety Alliance que no Relatório de Avaliação de Segurança Infantil – Portugal 2012, aponta a segurança de peões com uma das áreas em que o País necessita de maior intervenção. Esta foi uma das áreas da segurança infantil em que Portugal obteve uma classificação negativa em termos das políticas e estratégias adotadas e implementadas para prevenir os atropelamentos com crianças.
Este organismo europeu aponta como medidas necessárias para aumentar a segurança dos peões, a introdução de leis que obriguem à redução da velocidade nas zonas residenciais e perto de  estabelecimentos de ensino e a criação de legislação que responsabilize o condutor no caso de acidentes que envolvam crianças e adolescentes, colocando o ónus da prova no condutor. É também aconselhado o apoio aos esforços de alteração das normas europeias para o design dos veículos de forma a reduzir o risco de lesões nos peões.

Outras medidas ainda foram propostas no âmbito do Plano de Ação para a Segurança Infantil, agora em reformulação na Direção-Geral da Saúde, como por exemplo, a intensificação da fiscalização no espaço peri-escolar (nomeadamente no que diz respeito à velocidade e estacionamento) e a identificação, análise e disseminação dos princípios e boas práticas para o projeto e construção de redes viárias e pedonais seguras à volta dos estabelecimentos educativos e zonas residenciais.

Segurança da Criança Peão – Iniciativas da APSI
No âmbito da Semana Mundial da Segurança Rodoviária, este ano dedicada à Segurança dos Peões, a APSI vai dinamizar uma série de iniciativas que vão ser divulgadas diariamente no facebook da associação. “Super-visível!” ou “Carro Amigo das Crianças” são alguns dos desafios que serão lançados pela APSI. Todos os dias será também divulgada uma dica para aumentar a segurança e mobilidade da criança peão. Veja mais em www.facebook.com/apsi.org.pt.

No âmbito do Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa, a APSI está a desenvolver para a Câmara Municipal de Lisboa um estudo sobre a segurança rodoviária na envolvente das escolas. Este estudo, que será publicado em breve, tem  como ponto de partida as limitações e necessidades específicas das crianças, e como objetivo identificar estratégias para promover uma maior acessibilidade, mobilidade e autonomia da criança enquanto peão à volta da escola e nos percursos casa-escola.

                                                                                                                                                                                                    


Sobre a APSI
A APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil trabalha há 20 anos para que os acidentes com consequências graves deixem de fazer parte da vida das crianças e jovens que vivem em Portugal. Desde então morrem menos crianças afogadas e em acidentes rodoviários, há menos acidentes no transporte coletivo de crianças e os profissionais e as famílias estão mais aptos para a prevenção dos acidentes.
Muitas são as crianças que hoje podem sorrir, brincar e crescer graças ao trabalho da APSI, que intervém na sociedade através de informação, formação, investigação e participação em processos de normalização e regulamentação, visando a criação de ambientes promotores de saúde.

Sobre o Relatório de Avaliação de Segurança Infantil 2012
Este relatório – que faz um resumo do desempenho de Portugal no que diz respeito ao nível de segurança que as políticas nacionais conferem aos cidadãos mais novos e mais vulneráveis, para reduzir as lesões não-intencionais – é promovido pela European Child Safety Alliance – Aliança Europeia de Segurança Infantil em parceria com a APSI.

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